Valor médio de apartamentos vendidos em BH saltou de R$ 512 mil para R$ 550 mil em um ano
Por Leonardo Morais
Em um ano marcado por recuperação, o mercado imobiliário encerrou 2024 com resultados positivos na comparação com 2023. O setor registrou aumento tanto no número de unidades vendidas quanto no valor da venda, com ganho real de 3% – índice que superou o de outras capitais brasileiras.
De acordo com instituto de pesquisas Datasecovi, até agosto, o valor médio de apartamentos vendidos em Belo Horizonte saltou de R$ 512 mil para R$ 550 mil em um ano – crescimento de 7,5% contra a inflação de 4,48% no mesmo período. Em quantidade de empreendimentos comercializados, os avanços também foram expressivos: o número saltou de 12,62 mil unidades em 2023 para 13,67 mil em 2024.
Para a presidente da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenes, os recentes aumentos no preço médio dos imóveis resultam na diminuição de empreendimentos voltados para o Minha Casa, Minha Vida com valores mais baixos nos limites da capital mineira. “Esses empreendimentos estão migrando para as cidades circunvizinhas e isso impacta na média dos valores dos imóveis vendidos”, explica.
Ao avaliar o desempenho geral do setor no ano, a dirigente considera que 2024 entregou o que prometeu, com conquistas importantes ao longo dos meses. A reforma tributária, por exemplo, está alinhada com o segmento após alterações no texto, que amenizou os impactos negativos que poderia trazer para a atividade.
Apesar disso, a alta na Selic preocupa, já que impactará a realização de financiamentos. Em 2024, a taxa básica de juros saltou para 12,25% ao ano e analistas já sugerem que o valor pode chegar a 15% em 2025.
Mesmo com o cenário alarmante, Cássia Ximenes acredita que o setor imobiliário utilizará de seu maior diferencial para continuar avançando. “O mercado imobiliário acompanha a vida das pessoas e elas não podem abrir mão da moradia. Independentemente do cenário, seja ele político, econômico ou social, nosso mercado segue atuante e atendendo à população”, destaca.
A presidente da entidade acredita que o cooperativismo entre integrantes do setor também é algo que precisa ser melhor explorado e pode ser um dos principais caminhos para aumentar as vendas de imóveis. “Hoje, um dos maiores desafios é encontrar o imóvel ideal e essas parcerias ajudam a dar celeridade ao processo”, avalia.
Espaços comerciais precisam ser repensados
Desde a pandemia, os imóveis comerciais seguem passando por desafios, especialmente depois do crescente uso do e-commerce e as transformações nos modelos de trabalho, como o home-office. A solução, segundo Cássia Ximenes, passa pela readequação do uso dos espaços.
“É preciso que o profissional faça um diagnóstico para compreender como o imóvel pode ser utilizado a partir de agora. O desejo da compra acompanha a necessidade e essas necessidades foram modificadas durante a pandemia”, explica a presidente.
Diferentemente do setor residencial, que se recupera de forma mais acentuada, o comercial ainda sofre com sequelas da crise pandêmica, que necessitou de acordos no preço de aluguéis, com contratos longos, muitos ainda em vigor. “Esses ajustes causam impactos e ainda mantêm resquícios da pandemia. Além disso, os donos de imóveis ainda precisam lidar com mudanças comportamentais e os novos desejos de moradia”, ressalta a dirigente.
Para 2025, apesar dos desafios econômicos brasileiros, a expectativa para ambos os segmentos é positiva. Nos próximos três anos, a entidade espera realizar trabalhos e articulações em prol da redução do déficit habitacional no Brasil.
Em Belo Horizonte, o ano será marcado pela conferência urbana para a adaptação do Plano Diretor. “A prefeitura está com um projeto de requalificação das centralidades e estamos acompanhando com atenção e proximidade para colaborarmos com o que for necessário”, finaliza.
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Reportagem disponível em: https://diariodocomercio.com.br/economia/mercado-imobiliario-vendas-belo-horizonte/